lata de lixo
Setembro 17, 2015
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Setembro 17, 2015
Setembro 10, 2015
Setembro 06, 2015
Formamos uma roda. A noite caía lenta sobre nossos ombros e pensamentos cansados e deixávamo-nos ser livres por segundos. O efeito era sorrateiro, paz, amor, paz, paz, amor, amor, paz... E a fumaça passava de boca a boca por beijos sem língua, sem toque completo de lábios. “A polícia lá vem!”, ora ou outra alguém dizia, mas estávamos todos de boa, na vibes positiva, no ápice da tranquilidade humana. As cabeças giravam, as folhas giravam, o cigarro girava na roda. Liamos poesia. K. com sua poesia suicida, C. com sua poesia depressiva, S. com sua poesia melancólica e todos com drama nos olhos caídos e avermelhados.
Paz, amor, paz, paz, amor, amor, paz...
O carinho era mútuo. Todos se amavam por ali. E chorávamos nossos amores antigos, e riamos nossos momentos felizes há horas atrás, na companhia de teatro. E lá éramos todos bixas, todos mulheres, lésbicas, negras, candomblecistas, budistas, espíritas, bruxos... éramos todos todos, éramos todos nós.
E o cigarro passava de boca em boca. Três becks e várias voltas na roda que não parava de girar. “Cortei meus pulsos/ pulsos cansados/ pulsos/ pulsos amarrados/ pulsos”, “deixei de amar”, “sofri por amor”, “vamos fazer uma suruba?”, “minha liberdade é tão pouca!”, “a brisa é louca”, “minha alma precisa de ser feliz”, “porra!”, “porra!”, “porra, porra!”... E fomos felizes... K. se despediu gostosamente com um beijo em meu rosto. C. e os outros — não cheguei a contar quantos são; não fazia diferença — permaneceram na roda. E na roda giram as cabeças, as folhas e o cigarro.
Peguei na erva e quase fiz derrame. Passei pra S.; e todos fumamos como se estivéssemos fumando poesia e artes cênicas. As fadas, os unicórnios, os gnomos, os discos voadores, os serafins dos mais altos céus pararam a madrugada pra ver-nos fumar. Nossa primeira vez ficou pra história. E não sonhei em desacordo. Vivi minha poesia e fumei minha vida em cigarros de maconha.
minha poesia
domina minh’alma
e refresca meus pensamentos direcionados aos problemas cotidianos.
fui livre e estou, agora, a voar!
minha cabeça agora é pura poesia
— e calmaria —.
fumei, com o papel em que escrevi meu poema,
o cachimbo da paz & do amor.
Setembro 04, 2015
e ela me dizia num dia frio:
buongiorno, amore mio
enquanto ela falava, eu não dava um pio
buongiorno, amore mio
ela sempre reclamava do meu desvario
buongiorno, amore mio
come sta?
ela sempre dizia que eu não alivio
buongiorno, amore mio
come sta?
ela abria a boca e me vinha um arrepio
buongiorno, amore mio
come sta?
— io sto bene, grazie
ela sempre cantava, com seu tom insano
dio, come ti amo
come sta?
— io sto bene, grazie
e eu só sorriria se ela cantasse
— bene, grazie
e eu perguntava que canto é esse
arrivederci
e eu só largava quando ficava sem interesse
arrivederci
e, mudando de língua, me dizia sem cessar:
au revoir, mon amour, au revoir
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