![]()
e por curiosidade e por fome de fumaça, decido retroceder ao pequeno bosque. (oito e meia da noite.) no início, somente o mesmo homem branco com o mesmo capacete na mão. no final, o mesmo negro do piru nos lábios. findado o bosque, o kartclube — o afeminado gordo e negro e o rapazinho da blusa levantada. passo por eles. “uns trinta reais”, diz o da blusa levantada, e não presto atenção no resto porque olho pra lua coberta pelas nuvens densas e cinzentas, gaivotas, fanque, radiopatrulha, fumaça dos cigarros e pela pederastia. vou até um buteco ali perto, compro o que desejava. volto. o gordo e negro afeminado me diz um oi todo pretensioso e feliz; não respondo. no bosquezinho, ninguém. na entrada do parque ipanema, um negro com uma touca na cabeça e eu nos olhamos profundamente. vou ao bebedouro. sorvo água suficiente pra ele se levantar e vir até mim. vou ao banheiro, olhando pra trás: ele vem. tiro o pau pra fora e mijo. ele chega, entra num box com a porta entreaberta. vou em direção à saída. ele diz oi, todo pretensioso e feliz. ignoro. “vem aqui”, ele insiste. dou meia-volta. “tira pra fora”, ele implora, quase chorando. não faço nada. ele então sai e eu o acompanho. “não sabe um local bom aqui?”, pergunta. respondo que não. “vamos ao estacionamento ali na frente”, ele quase afirma e quase obriga. acompanho-o. nove horas da noite. chegamos à escadaria mais remota e obscura do ipatingão, de frente pra br. tiro o pau da bermuda. ele me chupa macia e gulosamente. ele tira a calça e vira pra mim. chupo seu cu macia, gulosa e rapidamente. finco-o com meu ferrão dura e gulosamente. ele geme, e seu gemido é mais escandaloso e estridente que a pederastia. tiro o ferrão de seu rabo. ele, novamente, me chupa. masturbo-me freneticamente, afobadamente, desesperadamente. quando prestes a esporrar, guardo meu pau na bermuda: alguém está descendo a escadaria e nos olha. descemos a escada do estádio rapidamente. ele me pede meu número de whatsapp. passo-lhe. despedimo-nos. sigo rumo à casa. nove e meia da noite, no morro da casinha do papai noel, numa viatura da polícia co’as portas abertas, policiais fumam maconha. sigo. mais à frente, virando a esquina do iguaçu com o trevo do jardim panorama, uma travesti, escandalosamente maquiada, com uma bolsa nas mãos, diz “oi, tudo bem?” toda pretensiosa e feliz. “oi”, respondo sem parar de caminhar a passos largos. “vamos ali, deixa eu bater um boquete pra você”, “não, não. obrigado”. e continuo. na avenida gerasa, no canaãzinho, às dez e quinze da noite, um casal heterossexual (a menina suspensa num degrau da escadinha) beija-se freneticamente, afobadamente, desesperadamente. viaturas da polícia circulam com as radiopatrulhas ligadas. um bêbado na sarjeta, um cracudo na sarjeta, eu na sarjeta. ou
(continua...)