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blogue do siman

escritor • crítico • diretor de teatro • editor

Uma declaração ou Carta aberta de amor

Maio 20, 2020

rubem.jpg

Rubem Leite é, de longe, a pessoa mais importante em minha formação artística. Tudo passa por ele. Tudo o que escrevo, mesmo tão distanciados há tanto, penso sua reação à leitura, imagino os comentários que teceria, somente então decido publicar ou não. Me recordo quando nos conhecemos em maio de 2014, como fomos firmando um laço cada vez mais forte, as discussões ensandecidas do adolescente e seu mestre, as brincadeiras, a amargura que aprendi com ele, como a doçura de olhar tudo com aguda contemplação. Nos tornamos próximos a ponto de acharem que tínhamos um affair, ou que éramos namorados, maridos, pai e filho.

Rubem é o escritor mais importante de Ipatinga, por nunca em momento algum ter deixado de trabalhar sua escrita, por nunca ter deixado de publicar joias raras em seu blogue, mesmo em momentos de crise ou cansaço ou falta de inspiração. Há um cronto seu, “Cinza e vazio”, das coisas mais bonitas que já li na vida; aliás, tudo o que li de Rubem até hoje (e, diga-se de passagem, em 2016 li absolutamente todas as centenas de textos que há em seu blogue pra compilar um livro), tudo o que li de Rubem até hoje é das melhores coisas que já li. Sua genialidade mora na amargura com que descreve a desgraça humana, social, política, mas mora também no bom humor com que elabora personagens fantásticos, vampiros, gatos, cachorros falantes.

Certa feita comparei Rubem a um Balzac ipatinguense (por esta cidade estar em sua literatura como Paris na de Balzac), mas agora tomo o grande ícone da literatura universal como pequeno. Rubem é a única coisa que importa. Rubem é a única coisa que importa na minha vida pessoal, a única coisa que importa na minha carreira de escritor — à minha voz interior, chamo-a Rubem, é ele quem me critica ou apoia, aconselha, sempre, mesmo não sabendo.

A última vez que nos vimos foi há pouco mais de um ano. Também há mais de um ano ocorreu nossa última conversa. Nos falamos muito pouco, não sabemos o que cada qual tem feito com sua vida, mas eu sinto sua companhia, sua presença, eu sinto que ele me ama. Ele está comigo como um deus com seu devoto. Ele, sem saber, continua determinando até hoje tudo o que faço na vida.

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