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blogue do siman

escritor • crítico • diretor de teatro • editor

das reflexões que se faz quando bêbado

Novembro 20, 2017

§ 1º ontem, passeando pelo parque ipanema com rubem e girvany, pensei na escrita de rubem. é muito simbolista, praticamente impossível de entender-se. talvez daqui alguns séculos entendam o que ele escreve hoje; e quero estar lá pra entender também. "então por que você gosta tanto de algo que não entende?" -- os meticulosos perguntarão. e respondo: é justamente por isso que gosto tanto do que rubem escreve -- por não entender, por seus textos serem tão indecifráveis e... sei lá!

 

§ 2º abraço é a melhor tática de controle à carência que o sistema capitalista inventou.

 

§ 3º não sei porque tenho tanta paixão pelo experimentalismo musical (lê-se glass, sven-tüür, pärt, reich...), essa loucura toda, essa coisa de gamar numa nota e fazer variações dela horas à fio, entregando ao público uma melodia inacabada e, justamente por ser inacabada, sem fim. só sei que faço viagens intergalácticas e interpessoais e interuniversais com esse tipo de música e que, na última semana, ouvi reich todos os dias. se apaixonar por música experimental, música clássica do século 20/21, não é fácil; requer sensibilidade e frieza -- a frieza dum médico quando decreta um câncer, a sensibilidade dum sertanejo mineiro enrolando o pito e contando causos.

 

§ 4º ainda sobre reich: come out é uma das coisas mais geniais que já ou-vi. caso harlem six -- seis jovens negros foram presos pela polícia de nova iorque por serem suspeitos de matar uma mulher branca. um deles foi espancado na prisão, os policiais não deram importância e ele fez um furo numa das lesões do espancamento pra mostrar pros policiais o que tava acontecendo de verdade. truman nelson, militante dos direitos civis, entregou 70 horas de fitas com áudios dos harlem six a steve reich, e dessas 70 horas de áudio ele pegou quatro segundos apenas, com os dizeres "i had to, like, open the bruise up, and let some of the bruise blood come out to show them", que só aparecem completos três vezes, no início da música, e depois frisa-se "come out to show them" exaustivamente, em looped, até a linguagem desaparecer e virar só melodia. a coreografia da dança incônica que tem come out como tema é de anne teresa de keersmaeker, e essa música com essa dança... ai! meu deus... não sei nem o que dizer além de simplesmente genial!

 

§ 5º "moreninho" é preto arrumadinho, de brusinha cara e tudo mais.

 

§ 6º café em excesso dá o mesmo efeito que cocaína.

 

§ 7º mãe, estou bêbado (ou cheirado?) de café.

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