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blogue do siman

escritor • crítico • diretor de teatro • editor

girvany, poeta

Março 27, 2018

ao meu mestre, girvany de morais

em seus anais

em 27 de março de 2018

 

os versos do poeta me abraçam

[um abraço da morte que asfixia -- uma serpente triturando meus ossos]

os versos do poeta me perfuram & perfumam (como o sândalo que perfuma o machado que o fere*)

o poeta é todo de neurônios virados

gosta de me fazer sofrer sobre dragões vociferendo seus detritos**

arrebentando minha cara no chão duro

 

mas o poeta é meu amigo

abraça-me com calor & afeto

chama-me bixinha beija-me a face conversa banalidades

 

vejam

: esse que me fere & arranca meu peito co'a fria faca de seus versos

acarinha-me

compreende-me

& me suporta até altas horas da madrugada quando me falta o sono

 

vejam

: esse poema não é nada

é um pedido apenas (mas não fosse um pedido não seria nada!) --

peço aos deuses que as mãos do poeta

continuem me matando matando sem pena até o fim dos tempos

a ferrugem da faca há de ser meu remédio!

 

* Fala atribuída a Buda.

** De um poema de Girvany, que acompanhei o processo de criação.

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