ode ao olho do cu
Fevereiro 03, 2016
Gosto de cu de homem, cus viris, uns pelos negros ou aloirados à volta, um contrair-se, um fechar-se cheio de opinião.
— Hilda Hilst, "Cartas de um sedutor"
se acaso não me encontrares em minha morada de tijolos e cimento e tinta
procure-me em minha morada de carne, onde mora meu prazer
que não pisa na terra nem sente o chão
que deleita-se em poços de amêndoa oleosa
onde penetra-se a língua e os dedos e a minha pica, que agora dorme
e onde mora a vida que perde-se nesta fonte de inspiração?
ninguém vê vida onde há
e de choro e gozo e ar
faz-se minha morada imaterial estática
viril, que prensa-se, contrai-se decididamente
e faz em deleite sua fraca opinião
moro onde mora minha língua no beijo dos deuses
e a grécia antiga chora pelo deleite que quero
e onde quero me deleitar em dias de guerra em atenas?
deleito-me em meus parceiros soldados
e suas ventosas chulas e rodeadas de pelos
onde encontra-se um desejo todo estranho, todo diferente
e difere-se da boca a bunda e da bunda a pica
e onde penetra-se e goza-se com o doce da língua
é lá onde encontro a fonte da minha inspiração
e do meu gozo que não cessa de deleitar-se