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blogue do siman

escritor • crítico • diretor de teatro • editor

com ronal skarabajo

Abril 15, 2018

IMG_20180415_103820939_HDR[1].jpg

Eu, Vitório e Skarabajo, na casa de Rubem. Foto tirada pelo Rubem. 

...

— y por que no sai de ipatinga, essa ciudad poluída, en torno duna fábrica?

— porque eu sou uma árvore de raízes cravadas no chão; sou regado a vida toda com essa chuva ácida que, ao mesmo tempo que me alimenta & refresca, corrói

— faça como yo, sea un nômade, viaje, ande...

— mas você não é como eu; você é um pássaro que voa, voa, voa até se perder na imensidão do céu*

— enton vire um pajaro también

— mas se eu não fosse uma árvore que me sacrificasse nesse chão duro, maltratado, pássaros como você não teriam onde pousar

...

 

* escrevendo, pergunto a skarabajo se devo usar "no céu" ou "na imensidão do céu". "na imensidad del céu", ele diz, "porque el céu es infinito, no tem fim". eu respondo: "não que a gente saiba".

uma entradinha, pra abrir o apetite

Março 22, 2018

em maio lançarei águas vivas mortas, meu próximo livro de poemas, todo escrito na bahia, em dez dias. após dois anos do lançamento de corpoesia, publico este, uma volta breve ao mercado, uma onda na minha obra, um livro de poemas de amor ao mar.

pra deixar gostinho-de-quero-mais ou aversão total pela obra, publico aqui meu texto de contracapa e um poemeto, pra ustedes.

 

contracapa

fui à bahia; dei uma de caymmi & tive relações intensas de amor c’o mar, acabei engravidando & pari os 25 poemas deste livro em 10 dias; dopado de lsd (lirismo sem descanso), a gestação foi agradável — & quero que este filho meu & do mar bata com força contra você (como onda em dia de maré cheia) & te deixe também grávid@; me marcou na transa o gozo: ver a espuma das ondas enfeitando a areia de rendas! por fim, não quero que este meu filho cresça nunca — ele assim, imaturo, cheiro de brisa praiana, gosto d’água salgada, é bonito demais de se ver, andando sobre as águas, rindo seu riso livre & moleque; & fim

 

fogo fato

um fato é chama

queimando retinas esvaziando córneas

um fato é frio & farto de sabores

 

parto a carne & o raio que parta o cerne!

 

{um verme no meio do mar

é mar ou ainda é verme?}

 

amar é a maré de azar do ser?

 

fogo fato: fotorretrato

o mar é fraco

forte é o verme fátuo

 

zinickin,

22 de março de 2018

anotações após assistir "aquarius"

Novembro 23, 2017

aquarius-new-840x497.jpg

 

assisti aquarius. tô cheio de angústias, cheio de incertezas, cheio e agonias e titanomaquias.

anotem: no futuro este vai ser considerado o filme que marcou minha geração.

*

*                  *

aquarius é uma miríade de assuntos importantes e sensíveis.

tudo é genial — a imagem, a trilha sonora, os assuntos tratados, o roteiro, a direção — tudo!

na cena em que clara (sonia braga) volta da praia, tira as alças do maiô, confesso que esperava só um “nu” de seios; mas não, não ficou por isso. o impacto que tive quando vi a mama deformada... ah!

cada detalhe desse filme dá pra levantar mil e um debates.

um filme 100% brasileiro (essa clandestinidade de cenários e figurino e figurantes e linguagem), cuja história — indo contra a correnteza — não se passa no rio de janeiro, cenas muito longas, enfim. é impactante do início ao fim.

quem assistiu aquarius e saiu o mesmo, meu amigo, ou é insensível demais ou não entendeu a grandeza (e também a singeleza) desse filme.

*

*                  *

anteontem eu passei praticamente o dia todo matutando sobre o cinema (e as artes em geral)... se o cinema comporta toda a essência da incoerência humana, o existir estocástico dos homens na vida, etc.

"será que o cinema consegue alcançar o poço mais fundo da alma humana e colocá-la na tela?" — me perguntei, e respondi: "acho que não".

pois eu vi que estava redondamente enganado. aquarius me revelou isso. clara não é mocinha nem vilã e ao mesmo tempo é mocinha e vilã mas não é nada disso — não se encaixa nas binárias clichês da arte comercial, é um ser complexo, nu de frente pro espelho da alma do espectador; é um ser humano ali, sou eu, eu me vi em clara, e aí tá o foda do negócio: clara não é um personagem — é um humano. e não é qualquer humano — sou eu, eu na tela, me assistindo, com toda a minha incoerência e existir estocástico dos homens na vida.

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